sábado, 22 de outubro de 2011

Pedra de 30 toneladas ameaça rolar de morro no Engenho Pequeno

Texto e imagem por Marcelle Corrêa

Uma ameaça gigante está assustando os moradores da Rua Coronel Azevedo, no bairro Engenho Pequeno, em São Gonçalo. Uma pedra de cerca de 30 toneladas pode estar prestes a rolar do morro e atingir algumas casas. Cerca de 15 residências ficam na direção da pedra que está se rachando de ponta a ponta com uma abertura de cerca de 5 centímetros. Se rolar, algumas dessas casas podem ser atingidas, podendo causar uma grande tragédia no local.

-É bem perigoso, dá muito medo de ver essa pedra rachada aqui tão perto. Só de lembrar do dia em que a outra pedra rolou aqui na rua, já fico apavorada- disse a moradora Andréia Gomes, 35 anos.

O medo dos moradores da rua é antigo. Nas chuvas de abril de 2010, uma outra pedra, de 400 toneladas rolou do mesmo morro, chegando a atingir uma casa. Por diversas vezes a Defesa Civil foi acionada para avaliar esta segunda pedra que está rachada no alto do morro, porém nenhuma equipe foi deslocada ao local.

Segundo o conselheiro do Crea-RJ(Conselho Regional de Engenharia Arquitetura e Agronomia do Rio de Janeiro)e engenheiro civil especialista em estruturas, Antonio Eulalio, em uma análise feita através de fotografias, ele constatou que existe realmente o risco da pedra rolar, já que ela pode estar com um descalço do solo.

-Pode ser que ela esteja realmente instável, sempre existe a possibilidade dela poder estar solta, mas também pode estar presa em uma cava que pode a estar segurando. A época das chuvas está chegando em outubro e se houver alguma chuva forte qualquer descalçamento pode fazer com que ela role, então é mais prudente que a defesa civil faça uma inspeção no local e essa avaliação deve ser feita rapidamente. É preciso que eles façam esse parecer técnico para avaliar o risco de proposição da solução antes que algo pior aconteça- explica o especialista.

O engenheiro disse que várias são as soluções para a retirada da pedra do local, entre elas a implosão, porém deve haver um estudo da Defesa Civil para avaliar as condições de como pode ser realizada a retirada da pedra do local. De acordo com Antônio Eulalio, deve ser criada um órgão municipal de Geotécnica, como o GEO-Rio, já existente no município do Rio de Janeiro, onde problemas geológicos e geotécnicos do município sejam constatados e avaliados durante todo o ano, como áreas de riscos não somente após alguma tragédia.

-Sou a favor da criação desse órgão, que faria uma avaliação das encostas e em zonas de risco. Isso evitaria as tragédias como as que aconteceram em Angra e em Friburgo- disse o conselheiro do CREA.

O especialista levantou um alerta sobre o problema do morro em questão. Ele disse como já houve um caso de deslizamento no local, as pedras podem estar se soltando por causa do inteperismo, que são as transformações químicas dos minerais que compõem a rocha, que tem como principal agente a água ou alterações físicas que envolvem processos que conduzem à desagregação da rocha, onde um dos principais agente são as variações de temperatura.

-O inteperismo atua em cima da rocha matriz, que se transforma em solo a partir dos fatores como sol, chuva, tempo quente e frio. A tendência é que daqui a alguns milhares de anos tudo se planifique. As montanhas vão descendo e a rocha se transformará em solo.

O engenheiro civil ainda deu uma dica sobre como a população pode analisar as condições de morros próximo a suas residências. A inclinação de árvores nesses morros é o primeiro sinal de que a rocha está se movendo. Segundo ele as rochas se deslocam alguns centímetros por ano.

A Defesa Civil do Estado do Rio de Janeiro foi procurada para avaliar as condições da pedra, porém informou que o caso deveria ser resolvido com a prefeitura. A Prefeitura de São Gonçalo informou que a retirada da pedra é de responsabilidade da Secretaria de Obras do Estado, porém disse que a secretaria de Infraestrutura e Urbanismo mandará uma equipe para verificar o problema.

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