sábado, 22 de outubro de 2011

Amigos e familiares da Patrícia Acioli realizam manifestação em frente ao Fórum para cobrar agilidade nas investigações

Texto e imagem por Marcelle Corrêa

Cerca de 50 pessoas entre familiares, amigos, funcionários do Fórum e integrantes da Ong Rio de Paz, realizaram um ato público em frente ao Fórum de São Gonçalo, para reinvidicar um maior rigor nas investigações sobre o mandante do assassinado da juíza Patrícia Acioli, 47 anos, que foi assassinada com 21 tiros na noite da última quinta-feira quando chegava em casa, no bairro de Piratininga, Niterói.

O ato de protesto foi em silêncio, em referência ao cartaz exposto no local que dizia "Quem silenciou a voz da justiça". Com mordaças pretas e sentados ao chão, os amigos da magistrada espalharam rosas vermelhas no local. Entre os presentes estavam a irmã, o primo e o enteado da magistrada. O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de São Gonçalo, José Luís Muniz, comentou sobre a importância da realização dessas manifestações.

-Esses atos são importantes para que essa situação fique clara e não caia no esquecimento, que é uma coisa muito natural aqui no Brasil, depois de um tempo as pessoas perdem o interesse por aquele fato. Com a impunidade certamente outras pessoas terão o mesmo destino que ela, caso não se descubra quem realizou o crime. A forma como ela foi assassinada, com a prática da pistolagem, não é nada novo, porém nós não poderíamos imaginar que poderiam realizar esse tipo de assassinato aqui no Rio de Janeiro e com uma magistrada. Ele não tem limites, são capazes de atentar pela vida de qualquer um. É preciso que aja uma investigação muito séria para coibir esse tipo de prática que não cabe ao século 21- disse o presidente da OAB.

Antes da manifestação, um grupo formado por policiais da Divisão de Homicídios, familiares e juízes foram ao gabinete da juíza no próprio Fórum de São Gonçalo, onde ela atuava na 4ª Vara Criminal do município, em busca de pistas que possam desvendar o caso. Os policiais saíram do local com o HD do computador de Patrícia, além de também levar uma bolsa de documentos. Eles também estão analisando as imagens do circuito interno do fórum no mês de julho, para levantar alguma pista sobre o assassinato da Magistrada. Durante o ato, o primo da juíza, Humberto Nascimento, disse que toda a família está indignada com o governo do Estado, que se recusou a aceitar ajuda da Polícia Federal para investigar o caso. Segundo ele, a morte da juíza teria sido comemorada com um churrasco com a presença de policiais, neste fim de semana, em São Gonçalo.

-Queríamos a presença da Polícia Federal, mas Cabral negou e nós não podemos fazer nada a respeito. Essa foi uma decisão do governador, então ele terá que pelo menos dar uma resposta rápida, já que negou ajuda. Esses atos são importantes para provocar a polícia e cobrar soluções. É importante que cheguem rapidamente aos culpados, que apertaram os gatilhos e aos mandantes também- pede Humberto.

No fim da manifestação, por volta das 13h, o Presidente do Rio de Paz, Antônio Carlos Costa, se dirigiu ao enteado da juíza e disse que a juíza é um exemplo de uma brasileira que deveria ser cultuada por todos pela sua coragem e dignidade.

-Todos nós vamos lembrar que alguém da árvore genealógica de sua família teve coragem de peitar o crime. Os presos da Polinter de Neves estão inconsolados com a morte dela. Ela era uma pessoa com compromisso com a constituição federal- disse o presidente da Ong. De acordo com Antônio, esses atos educam a sociedade, constrangem o poder público e também representam a expressão de indignação popular.

Parentes da Magistrada vão pedir ao estado segurança para as filhas de Patrícia, de 10 e 12 anos, para o enteado, de 20, que morava com ela, filho de seu ex-marido, além de segurança também para o ex-marido e para funcionários da juíza, caso as investigações da Polícia Civil não sejam concluídas no prazo de uma semana.

Ontem o Procurador-Geral de Justiça do Rio, Cláudio Soares Lopes, criou uma força-tarefa formada por cinco Promotores de Justiça para atuar na 4ª Vara Criminal de São Gonçalo. A partir do próximo mês, outros dois promotores auxiliarão nas audiências do local. Assim, ao invés de parar, os julgamentos ocorrerão de forma mais rápida. Durante uma coletiva também na tarde de ontem, o presidente do Tribunal de Justiça, desembargador Manoel Alberto Rebêlo, disse que a partir de hoje um grupo de três juízes vão assumir a 4ª Vara Criminal do município para substituir Patrícia.

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